Grau I - O Centro da Meditação Estática

 Por Rawn Clark



Na natureza da consciência humana existe a necessidade de particularizar, definir e limitar algo para poder entendê-lo. Em nome da ciência, nós dissecamos o sapo em experimentos, com a esperança de compreendê-lo, ignorando o fato de que nós o matamos no processo e estamos examinando uma coisa morta. O erro em que nós caímos é a negligência. Nós não estamos querendo reintegrar nosso começo de entendimento de volta no “todo” orgânico de onde nós o tiramos. Ao invés de levarmos o sapo ao laboratório, nós temos também a opção de levarmos nosso laboratório ao sapo, e observá-lo em seu ambiente natural, com sua vida intacta.

O nosso ambiente natural é o Universo Infinito, no qual nós humanos existimos através de um largo espectro de vibração. Nós experimentamos uma ponta deste espectro através de nossos pensamentos mais sublimes; e a outra ponta, através da realidade física de nossos corpos. O reino entre estes dois polos, que personaliza e conecta nossos pensamentos ao nosso corpo físico, é o nosso campo de experiência emocional. Esses níveis da vibração humana foram definidos como “espírito” (corpo mental, reino do pensamento), “alma” (corpo astral, reino das emoções), e “físico” (corpo físico, reino da sensação). No entanto, devemos entender que estas divisões são arbitrárias, construções humanas, porque não existe nenhum lugar onde um grau de vibração se separa do seguinte a ele.

A nossa experiência no nível físico é solitária. Nós vivemos como seres separados, dentro de um Universo repleto de outros seres solitários. Por trás de todos esses níveis de vibração, está Aquele que Vibra, o Eu Único do qual somos uma expressão. É esta “fábrica básica” que chama por nós em nossa solitariedade física e nos lembra da verdade central que estamos todos conectados de algum modo.

Toda a existência humana é uma dança entre nossa experiência solitária e a nossa necessidade primordial de conexão. Um dos grandes paradoxos do Universo, é que é a nossa própria existência física que nos cega quanto ao nível que estamos conectados. O mundo físico cativa tanto a nossa consciência que nós raramente ficamos cientes de que ha além: portanto, é apenas através do lançamento de nossa consciência além deste mundo físico, apenas tirando nossa atenção dele e nós focarmos em nosso interior é que poderemos experienciar os níveis mais profundos do Eu e tocar nossa Unidade primordial.

A barreira principal então, para uma experiência consciente do nosso Eu superior, é que os nossos sentidos físicos devoram grande parte da nossa atenção. Essa é uma consequência natural de uma existência física, e não pode ser julgada em termos de boa ou ruim. Simplesmente é. Os sentidos podem ser vistos ou como um magnífico e extraordinário presente de um Universo Benigno, cujo o único propósito é nos dar as faculdades necessárias para a vida física; ou como uma obrigação do mal, a qual estamos condenados a sofrer e batalhar. A técnica de meditação adiante é baseada na primeira opção acima e desenvolve um controle não apto a julgamento sobre os nossos sentidos.

Cada um de nós tem uma capacidade inerente a negar os sentidos. Enquanto você esteve lendo isso, os seus sentidos de audição, do ofato, do paladar, e do tato não estiveram reduzidos já que sua atenção estava focada em ver, sentir emocionalmente, e pensar racionalmente sobre essas palavras? Isto é apenas um exemplo de como nós subconscientemente selecionamos um ou dois sentidos sobre os outros. O ingrediente ativo aqui é a atenção, ou consciência, e é esta chave que a técnica do Centro da Meditação Estática utiliza no seu treinamento de negação consciente dos sentidos. Através do desenvolvimento de que nós fazemos um milhão de vezes por dia inconscientemente, o CME trás isso a um nível de uma faculdade consciente.

A habilidade de negar os sentidos a vontade, leva esforço e persistência para se obter; especialmente com alguma consistência. Mas mesmo com o primeiro breve momento de separação dos sentidos, vem uma familiaridade com o Centro Estático, aquele Silêncio Primordial que todos nós conhecemos em nossos ossos. Quando este Silêncio Primordial for experimentado, a questão do esforço torna-se irrelevante em luz das excitantes possibilidades percebidas nele. O subsequente refinamento do controle sobre os sentidos passa rapidamente depois disso, e os reinos interiores abrem-se.

O primeiro reino a se abrir é o da personalidade. No CME, isto é visualizado como uma teia de fibras luminosas, na qual cada um de nós roda dentro da corrente do tempo-espaço. Este é o nível no qual nós colocamos nossos Eus dentro de um contexto de quando e onde estamos, e nós nos ligamos a expressão física. A personalidade é nossa criação, uma cuja a criação ocorre inconscientemente e com qual sentimos poucos poder.

Como com o nosso poder de negar os sentidos, nós também temos uma habilidade inerente de moldar nossa personalidade. Lembre da sua adolescência, quando a “pressão do par” era o “cata vento” de quem você escolheu ser (ao menos até certo ponto); uma época de tentar diversas diferentes máscaras e escolher a que nos faziam sentir seguro, ou melhor ainda, escolher a que era “certa” para nós. Quando você foi crescendo e se tornando adulto, você não descartou certas máscaras por outras novas? Cada um de nós tem experiencias em mudar hábitos ruins, ou pequenas e incômodas peculiaridades, para melhor se adequarem em nossas vidas. Os músculos que nós usamos em nosso inconsciente, selecionando quais sentidos negar, são os mesmos que nós usamos na transformação inconsciente de nossas personalidades. O CME exercita esses músculos sobre a personalidade, e você aprende a conscientemente moldá-la, tecendo-a de uma nova maneira em uma expressão mais clara de quem você é e quer ser.

As experiências com a personalidade invariavelmente levam a pessoa a estar ciente de que há um Eu que está experienciando sua essência, que seria o “Agente”, o Moldador. Este é o próximo nível a se abrir, o nível do Eu Individual, o Eu Que Age. Nós normalmente experienciamos este aspecto do Eu através de emoções muito fortes, ou intuições, de que há um certo caminho que devemos seguir. Provavelmente as mais dramáticas experiências de sua vida foram acompanhadas pelo claro conhecimento de quem você é em sua essência. Esta é a sua Individualidade; seu Eu percebendo a si mesmo como um autônomo, indivíduo único. É a Individualidade que projeta e molda a teia de sua personalidade, e consequentemente manifesta-se fisicamente em um corpo; ou pondo de outro modo, a personalidade e o corpo físico são os veículos do Eu Individual.

No CME, o nível de Eu Individual é visualizado como um Sol com os aspectos da personalidade e do corpo físico orbitando ao seu redor como no Sistema Solar. Este Sol existe num Universo Infinito, repleto de outros Eus Individuais, outros sistemas solares, outras estrelas no céu a noite. Da perspectiva do Eu Individual, ele olha “para baixo” para a personalidade e o corpo, empunhando-os como ferramentas mágicas na expressão clara do propósito da Individualidade. Como com os sentidos e a personalidade, o CME pega outrora inconsciente processo natural e torna-o uma faculdade consciente integrada. A pessoa aprende a agir poderosamente e diretamente no Universo como um Individuo igualmente importante.

Com o amadurecimento do Eu Individual ele aprende a se expressar mais claramente, o poder de sua finalidade essencial se mostrará. O conhecimento, e mais importantemente, a experiência, de que tudo está interconectado e a da Fonte Única, começará a se cristalizar. Lentamente, a pessoa é levado a Grande Transformação, que vem com o abrimento do próximo nível do Eu, o do Grande Eu.

O Grande Eu é o primeiro nível  no qual nós realmente experimentamos a interconexão. O Grande Eu existe além do “espaço-tempo-significado” (que é a fundação do espaço-tempo), manifestando incontáveis Individualidades (e consequentemente personalidades, e corpos físicos) dentro da sua corrente. Já que palavras são construções do espaço-tempo, torna-se impossível descrever claramente tal reino, apenas poesia e misticismo podem aproximar uma expressão dele, portanto minhas palavras devem ser tomadas como símbolos, cheias de significado. Dito isto, eu o descreveria como um útero, do qual emergimos como Indivíduos focos de consciência. Mesmo assim, existem inúmeros (um infinito número de?) Grandes Eus, moldando sua prole no rio da existência; portanto isto claramente não é a Máxima Conectividade que chama por nós. Tal conexão vem apenas como consciência do Eu Único, o Eu do qual todos somos iguais centros de expressão. Essa é a Máxima União com Tudo e com o Todo, o objetivo final do CME.



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CLARK, Rawn. O Centro da Meditação Estática. Disponível em: <http://abardoncompanion.de/CSM-pt.html>. Acesso em 08/08/2018.

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